Tsunami No Deserto

A quarta maior barragem do oriente médio pode ruir a qualquer momento. Trata-se da barragem de Mossul no Iraque, que fica no curso do Rio Tigre. O governo iraquiano e a embaixada dos EUA em Bagdad emitiram um aviso urgente sobre o risco de a barragem se romper, o que faria com que a cidade ficasse debaixo de nada mais nada menos que vinte metros de água. 

A embaixada americana lançou um apelo nesta segunda feira pedindo a evacuação da planície junto ao rio Tigre, para proteger os habitantes. A ameaça de rompimento foi descrita como séria e sem precedentes. O  primeiro-ministro iraquiano, Haider Al-Abadi, emitiu um comunicado em que pedia aos habitantes de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, em poder dos jihadistas do Estado Islâmico, para que se afastassem pelo menos seis quilómetros do rio Tigre. Este aviso marca uma mudança no tom do Governo iraquiano, que nos últimos anos tem minimizado esta ameaça.

O perigo evidente do colapso da barragem de Mossul foi reforçado por engenheiros iraquianos que estiveram presentes no início da sua construção. Consideram que o risco é real e que as consequências são muito mais graves do que aquilo que anteriormente se pensava, uma vez que uma catástrofe repentina poderá levar a uma situação de pânico entre a população, existindo a possibilidade de uma onda de 20 metros inundar a cidade de Mossul e depois atravessar o rio Tigre até às cidades de Tikrit, Samarra e Bagdad.

Barragem de Mossul no Iraque


A barragem, que é a maior do país, tem problemas estruturais desde a sua construção nos anos 80, altura em que o regime de Saddam Hussein ignorou advertências de geólogos que alertaram para o perigo de a construção estar a ser feita com pedras fracas e solúveis em água, como gesso ou anidrita.


Desde então que a necessidade de manutenção é constante. Contudo, estes trabalhos foram interrompidos quando os jihadistas do autodesignado Estado Islâmico (EI) tomaram temporariamente posse da barragem em 2014. Desde então, a água continuou a infiltrar-se, enfraquecendo ainda mais a sua estrutura.
Uma conferência internacional foi anunciada para Abril, em Roma, para discutir formas de prevenir um desastre. Contudo, face ao iminente perigo de colapso, poderá ser tarde. “Ninguém sabe quando irá ceder”, afirma Adamo, antigo engenheiro chefe da barragem. “Poderá ser daqui a um ano. Poderá ser amanhã.”

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